quinta-feira, 26 de junho de 2014

Como se fosse a primeira vez - Capadócia, Turquia

  Nossa viagem entre o Líbano e a Capadócia foi tranquila. Fiquei com a impressão que 2 dias em Beirute foi muito pouco, mas de qualquer forma, confesso que senti um certo alívio ao sair de lá. O conflito bem ali ao lado e a falta de informações confiáveis torna tudo muito instável. 
   Descemos em Kayseri e nosso translado até Goreme já estava à nossa espera no lado de fora. Mais 1 hora de carro até Goreme e novamente uma grata surpresa com o Traveller's Cave Hotel. O hotel está mais ajeitado e o Bekir e sua esposa japonesa (realmente não me lembro do nome dela) continuam grandes anfitriões e agilizam tudo o que se precisa para o período que se deseja passar por lá. Passeamos sem grandes pretensões pela cidade. Ao voltar ao hotel, conversei com o atendente para me certificar de que o translado das meninas estava certo para a madrugada. Sem problemas afirmou! Por volta de 2 da manhã recebo a ligação de um número brasileiro! Eram as meninas e não tinha ninguém para recebê-las. Naquele momento relembrei da experiência de uns anos antes onde entrei na primeira van com destino à Goreme, uma vez que não havia nenhuma plaquinha com meu nome… Corri até a recepção, acordei o atendente (o mesmo que garantiu) e expliquei a situação. Não sei exatamente o que rolou, pois xingava (parecia pelo menos) em turco e falava ao telefone com um monte de gente. Olhou pra mim e disse: sem problemas! Em menos de 1 minuto recebi uma nova ligação: apareceu um táxi para pegá-las. Chegaram bem, não cobraram pelo translado. Agora era descansar para começar os passeios pela região após uma longa viagem. Não entrarei em detalhes sobre os passeios, pois seria repetitivo, afinal já descrevi a Capadócia em 2010 (Turquia). Deixo as fotos desse novo passeio pela região na companhia de grandes parceiros de viagem! E a próxima parada será Oludeniz, um paraíso  turco!













segunda-feira, 28 de abril de 2014

Oriente Médio - Anjaar, Baalbek e Château Ksara

   Acordamos cedo mais uma vez, tomamos o café e quando chegamos à entrada do hotel, o Hussein já estava à nossa espera. O dia seria bem longo, com grandes trechos de deslocamento. Confirmamos com o Hussein sobre a segurança do passeio, afinal chegaríamos bem próximo à fronteira com a Síria e estaríamos em alguns locais controlados pelo Hezbollah. A mesma resposta: tudo tranquilo! Nenhum problema!
   Seguimos para o Vale do Beqaa, um vale muito fértil do Líbano, caminho até a cidade de Anjaar. Fizemos uma paradinha para fotos. Olhando apenas a paisagem, ninguém diria que estávamos no Líbano.



   Anjaar é uma cidade com praticamente toda a população formada por armênios. As ruínas não impressionam tanto, uma vez que a maioria das construções foi completamente destruída. O que mais chamava nossa atenção era a proximidade com a Síria, logo atrás das montanhas. A fronteira oficial ficava a apenas 1 km de onde estávamos… Na entrada do sítio arqueológico existe uma pequena lojinha de artesanato e produtos típicos armênios.





   Um breve descanso e seguimos nosso passeio rumo à Baalbek. E a partir daqui a coisa ficou um pouco mais tensa… Pegamos a estrada, levaríamos em torno de 1 hora e meia. Pelo caminho muitas barracas que o Hussein nos dizia ser de ciganos, mas sinceramente, pela quantidade de pessoas e proximidade com a fronteira, nos pareceu muito mais campos de refugiados sírios. A rodovia era muito bem preservada, sem nenhum buraco, pista dupla. De repente, uma certa confusão no caminho, um grave acidente. Tinha acabado de acontecer! Os libaneses dirigem loucamente, falando e enviando mensagens pelos celulares. Surpreende não vermos mais acidentes como aquele com vítimas fatais… A cada passo que dávamos em direção à Baalbek, percebíamos nitidamente a diferença: cartazes de propaganda política com candidatos de armas em punhos! Pistolas, bombas e metralhadoras! Assustador. Não havia dúvidas, estávamos num reduto do Hezbollah. Tratei de deixar minha câmera bem escondidinha, não tinha o menor interesse de ser questionado sobre fotos proibidas. No caminho passamos por algumas barreiras militares, mas não fomos parados em nenhuma. Chegamos em Baalbek e fomos direto ao sítio arqueológico. Nas proximidades, diversas lojinhas de artesanato e lembranças. Todo mundo tentava nos vender camisetas amarelas com palavras de amor ao Hezbollah e desenhos de soldados e armas. Negamos gentilmente. Fico imaginando se algum turista ocidental compra esse tipo de souvenir… Compramos as entradas e nos ofereceram serviço de um guia por 20 dólares americanos (para os três). Acabamos aceitando a proposta e seguimos o simpático velhinho… As ruínas de Baalbek realmente impressionam. Além da grandiosidade, a conservação é muito boa. As principais construções são os templos de Júpiter e Baco. As explicações do simpático velhinho até que estavam interessantes até o momento em que ele começou a falar a cada intervalo: vocês combinaram 20 dólares, mas fica ao seu critério. Se acharem que mereço mais, fiquem à vontade! Não estou de brincadeira, ele deve ter repetido umas 15 vezes essa mesma frase! It's up to you! Bem no finalzinho do tour, quando demos os 20 dólares (e ele repetiu mais uma vez a fatídica frase), ouvimos sons de tiros ao longe… Bom, eu não ouvi, pois era o único que ainda prestava atenção no senhorzinho. Cheguei a duvidar que seriam tiros mesmo, porém mais tarde confirmaríamos. Rebeldes sírios faziam disparos na região, tentando evitar a retomada pelas forças nacionais! Hora de partir! O Hussein chegou a perguntar se queríamos ver mais alguma coisa na cidade, se queríamos almoçar… Não, não! Vamos para Ksara!







Fomos deixando Baalbek para trás… Os cartazes estilo Rambo foram sumindo, nossa respiração foi voltando ao normal. Barreira militar. Mandaram encostar dessa vez. Passaportes e aí o soldado começou a falar em árabe com o Hussein. Parecia meio bravo, não sorria. Nosso motorista com um sorriso meio amarelo. Devolveu os passaportes e nos mandou seguir. Perguntamos o que ele tinha falado, ao que o Hussein respondeu: Queria saber se vocês comeram as esfihas de Baalbek, são as melhores! Ah tá, conta outra que essa não colou…
   Ksara é a vinícola mais importante do Líbano. Eles se orgulham de ter vinhos premiados. Fizemos um pequeno tour com degustação de seus vinhos. Não pagamos nada pelo tour. Nossa guia foi a Madonna! Uma jovem libanesa com bons conhecimentos de inglês e francês. 








   Degustação terminada, hora de voltar para o hotel e esperar até nossa saída rumo ao aeroporto. Na madrugada partiríamos para Turquia encontrar com a parte feminina da equipe.
   O Líbano foi uma grata surpresa para nós, mas depois dos tiros, Hezbollah e proximidade com a Guerra civil na Síria, era um certo alívio poder sair do país. O Hussein nos levou até o aeroporto. Um grande cara! Só quis receber o dinheiro de todos os passeios no final de tudo. Na hora do check in na Turkish em Beirute, resolvi tentar um upgrade de classe. Era meu aniversário! Nada mais natural num voo vazio! Cheguei até a atendente e perguntei:
   - Será que consigo um upgrade, afinal é meu aniversário?!
   - Claro que não!!! Mas pense num tom ríspido…
   E lá seguimos os três na maneira mochileiro econômico. Próxima parada Capadócia!

domingo, 6 de abril de 2014

Oriente Médio - Jeita Grotto, Harissa e Byblos

    Acordamos cedo, pois o dia seria cheio. Hussein já estava à nossa espera quando descemos. Primeira parada: Jeita Grotto. As cavernas (upper e lower) foram candidatas às 7 maravilhas da natureza, porém acaboram fora da grande final. No caminho íamos nos perguntando o que uma caverna no meio do Líbano poderia ter de tão especial para ser um dos destinos turísticos mais apreciados do país.
   É interessante visitá-la logo cedo, evitando as grandes excursões de estudantes libaneses e suas repetitivas  perguntas aos estrangeiros:
   - Hello! Where are you from? What's your name?
   Compramos os ingressos e subimos de teleférico até a caverna superior. Para os que tem medo de altura, posso afirmar que o passeio é bem tranquilo e rápido. Bastou começarmos a entrar que nossas dúvidas desapareceram. Infelizmente não é possível entrar com câmeras fotográficas e existe um armário com chaves onde é preciso deixá-las. Após o passeio pela caverna superior seguimos para a parte de baixo, lá é possível dar uma voltinha num barquinho. A iluminação faz o espetáculo da natureza ainda mais interessante. As fotos que aparecem abaixo foram tiradas de sites de divulgação do lugar.






   Após a visita às cavernas é só esperar para pegar um bondinho e retornar ao estacionamento, ou como nós fizemos, descer andando e apreciando o local. A distância é curta e na descida todo santo ajuda, né?!
   Mais uma pequena viagem até o local onde pegaríamos o teleférico rumo à Nossa Senhora do Líbano (Harissa é o nome da montanha onde ela se encontra). Esse sim é um desafio aos que tem medo de altura! É alto, alto, muito alto! O início da subida fica em Jounieh, uma cidade vizinha à Beirute, famosa pela badalada noite. A julgar pelas propagandas dessas "festas" podemos dizer que o santo e o devasso estão em constante harmonia na cidade...
   A estátua da Nossa Senhora do Líbano é majestosa, bela e a posição em que foi colocada, com o sol brilhando logo por trás, gera um clima um tanto quanto místico... A visão que temos lá de cima é privilegiada e dispensa comentários!









   Ficamos um tempo, contemplamos a paisagem, observamos a fé das pessoas que se apertavam para tocar os pés da Santa e descemos no teleférico retornando até o ponto de inicial.
  Seguimos para Byblos, antigo porto dos fenícios. Acredita-se que a cidade seja a mais antiga continuamente habitada no mundo. Haja história! O pontos mais visitados são o porto, o centro antigo, o castelo e o velho souk. Gostamos muito da cidade! Alegre, movimentada, bonita... Se não fossem as comidas e a fisionomia dos locais, poderíamos dizer que estávamos em qualquer cidade européia à beira do mediterrâneo. A beleza da cidade atrai muitos noivos e suas fotos pré-nupciais. Almoçamos no Chez Pepe. Comida gostosa, bom preço e bem servida. Fica logo no porto, primeiro lugar que visitamos.




   Almoçamos e continuamos nossa visita pelas ruelas da cidade. O castelo não tem nada demais, é um castelo como outros tantos que podemos ver por aí, mas os arredores são belíssimos, desde construções antigas com o mar mediterrâneo logo ali atrás, praias badaladas, pescadores e esportistas alucinados em seus jet skis...







   Hora de dar uma voltinha pelo velho souk e voltar pra casa…


No caminho o Hussein foi nos falando de bons lugares para tomar uma cerveja à noite e nos deixou no centro de Beirute. O lugar foi totalmente reconstruído após a guerra civil e o esquema de segurança ainda é muito forte por lá. Cada vez que nos aproximávamos da sede do governo éramos revistados e observados em nosso trajeto. Uma cidade linda, com tanta história, tomado pelo medo... Triste! A mesquita Mohammad Al-Amin é belíssima e é possível entrar respeitando as tradições islâmicas, ou seja, descalço e com vestimentas adequadas. A Place L'Étoile é um ponto de encontro da juventude libanesa e está a poucos metros da sede do governo. O relógio rolex é um atrativo, mas confesso que a praça em si é muito mais interessante e agradável.








   Na volta ao hotel, passamos pelo souk de Beirute, totalmente revitalizado e moderno com lojas de marcas, muito diferente de outros países árabes que já conheci. A população reclama, afinal a revitalização parece ter deixado de lado a cultura local. Não é um lugar para o povo do Líbano!
   À noite saímos pelo lugares recomendados pelo Hussein. Sendo bem sincero, me senti exatamente como no Brasil com a exceção que não fiquei com medo de andar nas ruas escuras... Povo alegre, jovens garotos dando em cima das meninas sozinhas, muita bebida alcoólica e o grande show da noite: briga! Exatamente como no Brasil! Um fala uma coisa, outro revida e em instantes e bem ao nosso lado, socos, chutes e um garoto caído no chão... Após alguns segundos, levantou e se foi. Mais tarde voltou e tirou onda com os caras que o tinham nocauteado. Louco? Corajoso? Guerreiro? Será que temos solução?
   Hora de voltar ao hotel, dia seguinte teríamos os momentos mais tensos da viagem: Anjaar, Baalbek e pra terminar bem, Chateau Ksara. Seria prudente chegar tão perto da Síria? Apostem suas fichas...